Insights

Comunidades virtuais criam novos mundos possíveis para pessoas com deficiência

No Twitter as histórias de pessoas com deficiência se conectam, e novas possibilidades surgem

As conversas sobre inclusão e representação acontecem diariamente no Twitter. Dessa forma as pessoas com deficiência conseguem se sentir vistas e ouvidas. 

Partindo desse contexto, convidamos Eduardo Victor, ou como ele é mais conhecido no Twitter, o Dudu, para compartilhar suas vivências. Confira!

Qual o meu lugar no mundo? Certamente, todas as pessoas já se questionaram sobre isso em algum momento da vida. Mas, ao ter uma deficiência, esse questionamento faz parte de boa parte dos seus dias. No Brasil, segundo o IBGE, somos cerca de 24% da população brasileira. Então, por que não encontramos nosso lugar?

O Twitter como plataforma de conversas, fortalece   diferentes comunidades. Para mim e outras muitas pessoas, a plataforma tem sido impulsionadora de debates que nos permitem construir um mundo possível para pessoas como nós. Ter uma deficiência é uma característica minha e de diversos outros e o processo de reconhecimento acontece  frequentemente por aqui.

 

Entender que está tudo bem ser quem é

@morenamariah compartilha através de um fio uma lista de coisas sobre ela que não havia reparado antes de suspeitar ser autista

Uma das características da solidão de pessoas com deficiência é, justamente, se sentir um corpo estranho no mundo. Embora sejamos, minimamente, ¼ da população, ainda é um desafio reconhecer nossas características no outro. Com a possibilidade de formação de comunidades online e conversas diversas, esse processo se torna mais natural e tangível. 

 

Quando alguém como a @morenamariah, compartilha suas questões, várias outras pessoas  se sentem contempladas para compartilhar seus pontos de vista nas respostas. Esse é um exercício prático do reconhecimento. A partir disso, torna-se possível compreender que está tudo bem ser como somos, que não somos corpos estranhos. Pelo contrário, há muito de nós no outro e muito do outro em nós.

 

Compartilhar as questões abre novas possibilidades de ser uma pessoa com deficiência no mundo?

@luu_viegas desabafa com seus seguidores o processo de aceitação sobre ser uma pessoa com deficiência e suas particularidades

Se minhas características, sendo obviamente individuais, também estão presentes em outras pessoas, é possível perceber que corpos como o meu são normais, tanto quanto qualquer outro. A possibilidade de, a partir disso, uma comunidade se fortalecer, é enorme.

 

O não-lugar tende a ser um  lugar-comum entre pessoas com deficiência. Através da comunicação e de  narrativas, contadas em primeira pessoa,  passamos a nos ver como partes pertencentes do todo, mesmo quando em grupos diferentes entre si. Protagonismo e representação real, correta e não romantizada, é algo fundamental para a comunidade. 

 

 

O mundo que queremos vai para além do mundo virtual

 

O real e o virtual não se separam. A geração de  conversas é a potência inicial para pensarmos em um lugar ideal para os nossos corpos, virtualmente e fisicamente. Impactar vivências através do diálogo e da abertura de feridas é o princípio para sermos  muito mais do que as nossas dores. Compartilhar não se resume ao mundo virtual, precisamos compartilhar não só o nosso dia a dia nas redes, mas também dividir nossas ideias e questões do cotidiano. 

 

Sempre me pergunto: onde estão as pessoas com deficiência falando de música, de amor, de estilo de vida, etc.? Mas talvez essa não seja a pergunta ideal. Onde está a disseminação dos nossos potenciais no mundo?

 

Por isso, é importante criar nossos espaços de compartilhamento. Se a narrativa é contada a partir da nossa perspectiva, permitimos que a disseminação também parta do nosso ponto. E isso transforma a realidade.

 

 

Nada sobre nós sem nós

 

Considerar a ótica com deficiência de mundo é não só ser anti capacitista, mas entendedor da vida enquanto um prisma. Fortalecer uma comunidade que conta sua própria história é fortalecer ideais de novos mundos possíveis.

 

 

Se, de fato, está tudo bem ser quem somos, não devemos ter maior visibilidade?  

 

O Twitter está cheio de criadores PCDs que estão orgulhosamente compartilhando suas experiências vividas como pessoas com deficiência. E as pessoas prestam atenção quando se trata de marcas pioneiras em tratar de pautas e causas como as das pessoas com deficiência.

 

Para as marcas fica o desafio de empenhe-se em contratar grupos diversificados e representativos de criadores, refletindo a audiência que querem alcançar. Apostar nas vozes únicas dos criadores com deficiência e deixar a expressão criativa deles aparecer em seus conteúdos de forma genuína. 

 

Os profissionais de marketing precisam refletir mais profundamente sobre o que realmente significa ter diversidade e a inclusão em suas marcas. As pessoas estão pedindo às marcas que incentivem e incluam cada vez mais criadores PCDs em suas campanhas, para amplificar suas vozes. Apoiar essa comunidade é apenas o primeiro passo para uma série de grandes e profundas mudanças. 

 

Eduardo Victor é criador de conteúdo digital e midiólogo. Em suas redes, aborda de forma didática mas também descontraída, qual sua experiência no mundo enquanto uma pessoa LGBT com deficiência. Surgiu em 2017 na internet, através do incômodo de não se ver em nenhum lugar. Quem era a pessoa LGBT, com paralisia cerebral, que estava falando sobre a própria existência na internet? Naquele momento, não existia. E, a partir dessa inquietação, tornou-se criador de conteúdo.  Seguindo a lógica de estar tudo bem ser quem é, compartilha com seus seguidores as questões, os desafios e os aprendizados de ter uma deficiência menos visível, ainda que física. Hoje é a maior conta do Twitter de uma pessoa com paralisia cerebral.

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